Minha antiga preferência

Com lineups dos sonhos de qualquer indie, Coachella é a nova opção para os fans de festivais.


rey, em new york, cortando o cabelo depois do festival coachella

Como muita gente sabe, sou um apreciador de concertos internacionais e festivais de música pop. Minhas lembranças passam pelo Reading e Leeds Festival, na Inglaterra; casas de shows naquele país, como o maravilhoso Brixton Academy, o London Astoria, o Garage, entre outras.

A lista de shows é interminável e inclui bandas muito especiais para mim como o The Fall, Paul Weller tocando The Jam, Joe Strummer, The Verve, Stereolab, Add and to X, Cure, Echo and the Bunnymen, Creatures, Ian Brown, etc etc etc

Mais recentemente, até pela facilidade e economia, tenho comparecido ao cada vez mais grandioso Coachella Music Festival.

Se a gente já acha que o Brasil é parte do circuito mundial de shows, fenômeno global que permite até que bandas de cá fechem contrato com as gravadoras de lá e se apresentem nesse circuito com sotaque gringo, o que dizer de um festival americano que cresce a cada ano, passa a dar lucro, coisa que não acontecia há alguns anos, e consegue fechar um lineup com as mais cultuadas bandas da atualidade e artistas já consagrados.

Tenho decidido em cima da hora ir para Indio, cidadezinha no meio do deserto onde acontece o mega evento, não só por questões de data e grana, mas também pela escolhas dos artistas que, ao meu ver, estão batendo os festivais britânicos, minha antiga preferência.

Acho mesmo que o Reading do ano passado e desse ano não chegam aos pés do Coachella. Questão de gosto? Pode ser, mas a verdade é que eu, apreciador da cultura britânica e preferencialmente adepto do Britpop (basta ouvir algumas canções do Sufrågio ou do My new Device), tenho dado preferência às manhãs ensolaradas de Palm Springs (cidade vizinha de Indio, onde me hospedo) ao invés da chuvinha e a lama dos festivais da ilha.

E por que? Porque o Jesus and Mary Chain arrepiaram os pelos do meu braço (fenômeno que acontece quando me identifico profundamente com uma música ou banda), com interpretações, se não tão contundentes e arrebatadoras como os mais críticos sempre esperam, mas ali na sua frente, vivo, real. Eu me entrego às lembranças de como tudo começou e me emociono sim, sem vergonha, apenas com os sentimentos de quem dedica sua vida ao culto e à produção musical.

Porque o Happy Mondays entrou no palco anunciado pelo Tony Wilson, emocionante para quem está aberto à importância disso. O Shaun Ryder está lesado, é verdade, mas sua presença mesmo que estática e às vezes descompassada do resto da banda também é parte da história do pop britânico. Seus hits dançantes me inspiram até hoje e são a prova de que mudar o mundo é para poucos: 24 hour party people.

Porque o Demon Albarn é corajoso. Monta uma banda como o Gorillaz pra fazer música moderninha pra adolescente e não depender do Blur a vida toda, e agora chama o Paul Simonon, ex baixista do Clash e o guitarrista Simon Tong, ex Verve, para fazer outro projeto, esse mais cool e musicalmente comovente em alguns momentos, o The good, the bad and the queen.

Porque o Air é elegante e impecável no palco, a Bjork é “a” diva pós-moderna, o Explosions in the Sky é uma grata descoberta ao vivo, o CSS, mesmo não sendo das minhas prediletas é o grande hype brasileiro e fiquei contente com o sucesso deles lá, por serem brazucas e terem rompido a barreira do mercado internacional.

É verdade que Red Hot Chili Peppers e Rage Against the Machine para mim são dois bons motivos pra tomar cerveja na Jail Beer (apelido carinhoso que eu dei pra Garden Beer (uma jaula, ou se preferir, um cercadinho pra tomar cerveja no festival).

É verdade que alguns artistas como os super hypados Gogol Bordello nunca me chamaram atenção mesmo com suas performances eletricamente suadas, ou que alguns artistas folk também não signifiquem muita coisa pra mim, é o caso do cultuadíssimo Rufus Wainwright (Rufus Lenhador, para os íntimos), coisa típica num festival com tantas opções.

Mas a verdade é que sempre vale a pena estar presente e sentir a energia positiva do Coachella Music Festival que, apesar de eu ainda conspirar voltar pra lama inglesa um dia, é minha atual preferência.

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